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Presidente da Fórmula 3 enaltece a vinda da Fórmula Renault ao Brasil |
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A chegada da Fórmula Renault ao Brasil na temporada 2002 pelas mãos do ex-piloto e empresário Pedro Paulo Diniz tem sido o assunto do momento no automobilismo nacional, dominando as conversas entre pilotos, chefes de equipe e mídia especializada. Desde a extinção da Fórmula Ford brasileira, há cinco anos, o País tem vivido apenas da Fórmula Chevrolet como categoria de base para os pilotos que saem do kartismo.
Contudo, a falta de renovação dessa categoria, implantada no País em 1992, tem levado um contingente cada vez maior de novos pilotos à Europa ainda cedo, sem a preparação considerada necessária para enfrentar o desafio do automobilismo internacional. A expectativa geral é de que a vinda da Fórmula Renault possa reverter esse quadro, proporcionando uma base mais sólida aos que vão seguir carreira na Europa ou nos Estados Unidos.
Um dos que sustentam essa opinião é Amir Nasr, presidente da Fórmula 3 sul-americana, que vê com entusiasmo a implantação da F-Renault no Brasil. Segundo ele, a nova categoria será de grande importância para a formação dos jovens pilotos brasileiros, que passam a ter no próprio País uma opção real em contraponto à categoria européia. ?Ela vai suprir a defasagem que existe hoje no Brasil entre as categorias de base?, opina.
Amir faz alusão, ao citar essa defasagem, à F-Chevrolet, que, a seu ver, padece diante da falta de renovação técnica. ?Agora, teremos nossa escola de volta?, espera. ?A iniciativa do Pedro Paulo de trazer a F-Renault ao Brasil deve ser elogiada. É mais um grande piloto que ganhou muito com o automobilismo e que, agora, está retribuindo, assim como os Fittipaldi, os Giaffone e o Nelson Piquet?, faz questão de ressaltar.
Para ele, a escola brasileira de automobilismo é tão boa quanto a européia - ou até melhor. ?Basta ver a quantidade de brasileiros nas categorias top do automobilismo mundial que passaram pela F-3 sul-americana?, exemplifica, lembrando Christian Fittipaldi, Rubens Barrichello, Ricardo Zonta, Cristiano da Matta, Helio Castroneves, Bruno Junqueira, Ricardo e Rodrigo Sperafico, Hover Orsi, Vitor Meira e até o próprio Pedro Paulo Diniz.
SEM CONCORRÊNCIA
Amir não concorda com a idéia de que o projeto possa culminar com uma concorrência entre o Brasileiro de F-Renault e o Sul-Americano de F-3, categoria da qual é presidente. ?Pelo contrário, a nova categoria vai ajudar, e muito?, diz. ?A curto prazo, não vamos sentir diferença, mas a médio, vamos receber os pilotos da F-Renault na F-3, bem mais competitivos e amadurecidos para progredir no automobilismo?, entende.
O dirigente vê outra vantagem na chegada da F-Renault. ?A partir do momento em que passa a existir aqui uma categoria de base forte, os pilotos vão permanecer mais tempo no Brasil, e vão chegar melhor preparados à Europa e aos Estados Unidos. É assim que acontece na Europa, onde esse trabalho de formação é realizado pelas fórmulas Ford, Vauxhall e pela própria Renault. A F-3, na seqüência, é um degrau acima", avalia Amir.
Pra ele, a ida de Kimi Raikkönen diretamente da F-Renault da Inglaterra para a F-1 é um caso isolado. "Trata-se de um fenômeno que caiu nas graças de um dono de equipe da F-1", define. Nasr também comenta a possibilidade de pilotos brasileiros que hoje estão saindo direto do kart para a F-3 sul-americana preferirem a nova categoria. "São situações distintas", analisa. "Para um piloto que tenha até três anos de kart, a F-3 estará muito distante e o caminho natural será passar primeiro pela Fórmula Renault. Agora, quando, por exemplo, um piloto tenha mais de cinco anos de kart, disputando os principais campeonatos, como o Paulista, Brasileiro, Sul-Americano e Mundial, ele não irá encontrar nada superior tecnicamente ao kart de hoje, então é melhor ir direto para a Fórmula 3. O nível de competitividade atual dos kartistas brasileiros permite isso", diz. O raciocínio do dirigente é alicerçado nos exemplos de Nelsinho Piquet e Tuka Rocha, nesta temporada, e de Sérgio Jimenez, que já fechou para a temporada 2002 da Fórmula 3 sul-americana.
Para finalizar, Amir reforça seu argumento citando o exemplo da Argentina, onde existe a categoria Formula Renault. Lá, os pilotos com boa experiência no kart também têm vindo diretamente para a Fórmula 3 sul-americana, enquanto os demais fazem o caminho natural, passando pela Fórmula Renault antes de ingressar na F-3. "São os casos de Matias Russo e Carlos Bouflet e agora de Caíto Rissati. Tambem na Europa, ex-pilotos de kart, como Giancarlo Fisichella e Jarno Trulli, foram direto para a F-3", conclui. |
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Marcos Ferreira |
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