Por Américo Teixeira Jr.
Seja para comprar artigos dos mais variados, ou simplesmente para apreciar, a verdade é que Le Mans oferece uma viagem aos primórdios do esporte, o que chega a ser um choque para o brasileiro, que tem dificuldade em cultuar seus ídolos do passado e preservar seus feitos, o enorme resgate da história do esporte. Sem exagero, o fã pode passar as 24 horas da corrida sem gastar um tostão, simplesmente absorvendo a história do automobilismo, ali, ao alcance dos olhos.
Porém, se o visitante por algum motivo quiser se desligar um pouco das coisas relacionadas à corrida e ao automobilismo, pode passear de roda gigante, aventurar-se do trem fantasma, comer algodão doce ou alimentar as mais íntimas fantasias em trailers que prometem strip-tease ao vivo.
Mas não se pode esquecer que é quase verão na Europa. O sol brilha e aquela legião de gente vermelha, não bronzeada, perambula com pouca roupa, ou, no caso dos mais animados sem nenhuma, tudo regado a muita, mas muita cerveja, o que por vezes deixa a impressão que o barato da prova está em beber cerveja e tomar sol, que nesta época do ano só se põe depois das 21h00.
Sem cansaço
O sono bate e os pés latejam. Mas não há cansaço que seja mais forte do que aquela ordem que vem de dentro do peito: ?Levante, nada de moleza. Você está em Le Mans! Deixe para descansar depois!?...
E depois de viver tudo isso, o momento final e grandioso é a chegada. Trata-se de uma saudação aos heróis que concluíram o desafio de 24 horas entre retas e curvas do verdadeiro Centro Mundial do Endurance, uma festa não é apenas do vencedor da classificação geral, geral, mas sim de todos aqueles para quem receber a bandeirada de chegada de uma 24 Horas de Le Mans é um feito histórico para ser festejado, algo que muita gente não consegue entender exatamente o que significa, mas que o verdadeiro apaixonado pelo automobilismo sabe bem o que é.
Le Mans, de fato, é festa. É uma grande homenagem aos amantes do esporte. Um prêmio à superação, ao desafio, à estratégia, ao talento, à emoção. Essa sensação de emoção pode ter acabado em alguns lugares, mas não em Le Mans...
É por isso que, ainda na estação de trem de Le Mans ou na estrada de saída da cidade, o visitante olha para trás e dá um ?Até o ano que vem!?. Sim, porque é inconcebível não desejar voltar para novamente viver essa overdose de automobilismo que é mais tradicional prova de 24 Horas do planeta.
* O jornalista Américo Teixeira Jr. cobriu as etapas de 2000 e 2001 da 24 Horas |