O Presidente da Confederação Brasileira de Automobilismo Paulo Scaglione lamentou profundamente a morte do estudante de jornalismo Raphael Lima Pereira, ocorrida na 8ª etapa do Campeonato Brasileiro da Stock Car V8, no último domingo, em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.
Entretanto, a entidade não abrirá nenhum processo administrativo para apurar os acontecimentos por considerar que todos os procedimentos técnicos, esportivos, administrativos e de segurança foram corretamente tomados.
Scaglione participava de um Congresso da Federação Internacional de Automobilismo em Orlando, nos Estados Unidos, mas manteve diversos contatos com as autoridades presentes ao Circuito Orlando Moura, entre elas o Presidente do Conselho Técnico Desportivo Nacional Nestor Valduga.
Segundo o Presidente da CBA, não houveram falhas de nenhuma das partes envolvidas.
A começar pelo credenciamento, o jornalista responsável, Milton Alves, concedeu a credencial a Raphael Lima Pereira em atendimento ao ofício do jornal ´Raça´, no qual o segundo-anista de jornalismo trabalhava havia algum tempo, e não o fez antes de realizar a orientação quanto aos riscos a que o fotógrafo estaria submetido.
A questão da segurança também foi avaliada e aprovada, uma vez que antes da prova foram retiradas as pessoas das áreas de circulação dos boxes e pista. A ação do Diretor de Prova, Carlos Montagner, também foi precisa ao verificar todos os pontos da pista antes da largada, o que significa dizer que o estudante se encontrava atrás da barreira de proteção.
O problema todo aconteceu logo depois da luz verde, quando o estudante de jornalismo saiu do barranco situado atrás da barreira de pneus, posicionando-se exatamente ao lado da pista.
Raphael ainda tentou correr ao notar a aproximação do carro de Gualter Salles, que havia perdido o controle depois de sofrer um toque. Todavia, não houve tempo para escapar, e com o impacto, o corpo do estudante sofreu lesões que o levaram à morte minutos depois de deixar o circuito.
A direção da CBA contestou as declarações de alguns pilotos que criticaram a segurança da pista e a falta de guard-rails no local. Para Nestor Valduga, a pista de Campo Grande tem amplas áreas de escape, e a barreira de pneus cumpriu amplamente o seu papel, tanto que o carro de Salles parou ao atingí-la.
"O lamentável disso tudo é que o jovem, provavelmente empolgado pelo momento da largada e procurando uma foto melhor com um equipamento modesto, pulou a barreira de pneus e se colocou ao lado da pista", resumiu Scaglione, que emendou: "Ninguém pode ser culpado. Todos os procedimentos foram corretamente aplicados, e o jovem acabou se posicionando em uma zona de perigo. Infelizmente, um jovem com tanta energia e entusiasmo perdeu a vida de maneira tão triste", completou o presidente da CBA.
Scaglione acrescentou ainda que o lamentável episódio pode servir para que sejam tiradas algumas lições, mas ressaltou que o caminho não é o de exigir experiência prévia daqueles que forem credenciados: ?Embora seja necessário um controle, não podemos impedir que um jovem jornalista participe das provas, o que seria um cerceamento da liberdade de imprensa, e um obstáculo para a formação de uma nova geração de jornalistas especializados. É algo que precisa ser estudado com muito cuidado para que não sejam cometidas arbitrariedades e injustiças", ponderou. |