O paranaense Raul Boesel, primeiro brasileiro a vencer uma edição das 24 Horas de Daytona, contou um pouco sobre sua participação na corrida de 1988, quando foi ao topo do pódio dividindo a pilotagem de um Jaguar XJR-9 com o inglês Martin Brundle, com o dinamarquês John Nielsen e com o holandês Jan Lammers.
Campeão mundial de Esporte Protótipo um ano antes, o curitibano contou sobre suas expectativas na chegada à pista da Flórida: "eu vinha de um ano muito bom, tanto que ganhei o mundial de 1987 pela Jaguar. Eu tinha bastante conhecimento do carro, e mesmo tendo voltado para a Fórmula Indy em 1988, a Jaguar continuava me contratando para algumas provas”, ele recorda.
“Nos tínhamos a mão do carro, com o qual conquistamos o quinto lugar nas 24 Horas de Le Mans de 1987. O traçado de Daytona nós aprendemos nos treinos, quando a possibilidade de alcance de um bom resultado na corrida passou a ser quase uma certeza, que se confirmou ao final da prova", disse.
Fazendo uma comparação entre as corridas francesa e norte-americana, Boesel disse: “apesar de terem a mesma duração, as duas corridas tem uma diferença bem grande. Em Daytona a pista é muito mais curta e por isso fica muito mais movimentada por conta das outras categorias, assim, você fica o tempo todo no trânsito", falou.
Contando sobre os apuros nas negociações de ultrapassagens Boesel disse: “Correm várias categorias e a nossa era a mais rápida. O correto são os carros rápidos passarem pela parte de cima nas curvas inclinadas, mas às vezes haviam dois ou três carros mais lentos disputando posições lado a lado, e a gente tinha que ir bem para a parte de cima das curvas, muitas vezes fazendo ultrapassagens quase raspando um desses carros ou o muro. Esperar demais para ultrapassar poderia facilitar a aproximação dos adversários. Assim, a escolha era uma só: você tinha de passar ou passar”, falou o piloto, segundo quem por conta das dificuldades para superar os retardatários “a prova de Daytona é muito mais cansativa que a de Le Mans".
Além da participação vitoriosa de 88, Raul disputou outras três vezes as 24 Horas de Daytona, duas com a própria Jaguar e uma com Porsche, ficando fora destas disputas sempre por falhas mecânicas. "Em Daytona você força mais o equipamento, tem mais freadas e o motor também faze um esforço maior". Voltando a mencionar o tráfego que segundo ele “parece que você está na Avenida Paulista por 24 horas”, Boesel citou um outro fator que torna a prova norte-americana mais cansativa que a francesa: "o maior problema de ter todo esse trânsito é que tem muitos pilotos que não são profissionais, e principalmente quando eles começam a ficar cansados não olham nos espelho e é aí que começam a acontecer os acidentes. Qualquer batida nestes carros quebram asas ou bicos, e você tem de ter atenção redobrada para poder andar rápido", concluiu. |