Chuvas e domínio esmagador do trio composto pelo alemão Frank Biela, pelo italiano Emanuele Pirro e pelo dinamarquês Tom Kristensen. Assim pode ser resumida a 69ª edição da 24 Horas de Le Mans, que aconteceu no "Circuit de la Sarthe", na França.
A prova começou com tempo seco, mas já na terceira passagem começou a despencar do céu algo semelhante a um dilúvio, fato que transformou a pista de 13,600 metros num verdadeiro caos, com carros rodando e acertando barreiras de proteção por toda a extensão do traçado, fazendo com que a direção de prova determinasse a primeira intervenção do Safety Car.
Nas passagens iniciais, os fãs da britânica Bentley puderam vibrar ao ver um carro da marca (o de Martin Brundle/Stephane Otrelli/Guy Smith) comandar as ações durante algumas passagens, o que não acontecia haviam 70 anos, desde que o milionário sul-africano Woolf Barnato contribuiu financeiramente com a fábrica para montar um Speed Six com o qual ele próprio venceu em junho de 1930 a disputa em dupla formada com o britânico Glen Kidston.
A alegria dos "Bentleymaníacos" terminou literalmente em fumaça num dos turnos de pilotagem do inglês Smith, que teve de abandonar o carro rapidamente depois que o motor se incendiou.
Quando São Pedro decidiu dar uma trégua àqueles que estavam reunidos na pacata localidade distante 190 quilômetros de Paris que entrou para o mapa da França justamente em função da prova de longa duração mais famosa do planeta, os Audi R8 assumiram o comando das ações, fazendo por algum tempo um "1-2-3", com o Biela/ Pirro/Kristensen na frente, Laurent Aiello/Rinaldo Capello/Christian Pescatori em segundo e Johnny Herbert/Ralf Kelleners/Didier Theys na terceira colocação.
As chances do inglês Herbert, do alemão Kelleners e do belga Theys de tentarem "um lugar ao sol" na classificação final terminaram quando um conflito entre os softwares de controle da pressão dos pneus e do câmbio os levou a ter de parar o carro na lateral da pista.
Outras duas pancadas de chuva
Em duas outras oportunidades ao longo da disputa a chuva voltou a cair forte sobre Le Mans. Seguindo a tradição de em hipótese alguma usar a bandeira vermelha - o que causaria sérios problemas para que o público pudesse deixar a região onde está o circuito, já que há poucas vias de acesso -, a direção de prova determinou que o Safety Car retornasse à pista nas oportunidades em que ela encharcou.
Os Audi R8 de Biela/Pirro/Kristensen e de Aiello/Capello/Pescatori continuaram senhores absolutos de todas as ações, mesmo no momento em que pararam nos boxes para uma troca da caixa de câmbio já previamente programada.
Os "Bentleymaníacos" vislumbravam a possibilidade de verem Andy Wallace/Eric Van der Poele/Butch Leitzinger conquistarem um lugar no pódio, o mesmo acontecendo com os fãs da norte-americana Chevrolet, que viam o trio composto pelo canadense Ron Fellows e pelos americanos Scott Pruett e Johnny OConnell cada vez mais líderes pela categoria GTS.
Na GT, uma literal escorregada do Porsche 911 GT3-RS dos italianos Gabrio Rosa/Fabio Babini/Luca Drudi num dos turnos de condução do último, acabou provocando a perda da liderança para Gunnar Jeannette/R. Dumas/Philippe Haezebrouck, mas depois de terem o carro reparado e voltarem à pista, os representantes da Terra da Bota ainda tiveram muitas voltas para voltarem à ponta.
No complemento da 24ª hora, e da 321ª passagem, a festa começou para a Audi, que conseguiu colocar seus carros pelo segundo ano consecutivo na galeria da fama da disputa em Le Mans.
Para os fanáticos pela Bentley o final de semana também foi maravilhoso, já que eles viram Andy Wallace/Eric Van der Poele/Butch Leitzinger subirem ao terceiro degrau do pódio.
colaborou Gérard Estier
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