Eugênio Martins, piloto que inscreveu seu nome na história do automobilismo Brasileiro ao sagrar-se campeão da categoria "Mecânica Nacional" nas temporadas de 1957 e 1958, e que venceu também a "100 Milhas IV Centenário", contou um pouco sobre os bastidores da primeira edição da "500 Kilometros de Interlagos", corrida da qual participou a bordo de dois carros: um Maserati/Ford Studbacker com o qual foi terceiro colocado na dupla com Godofredo Viana Filho, e um Maserati/Ford Edelbrock com o qual concluiu a disputa na quarta colocação, na parceria que fez com Antônio Mendes Barros.
Sobre o surgimento da disputa, Martins contou: "A corrida surgiu principalmente em função da grande rivalidade que havia entre o Eloy Gogliano (presidente do Centauro Motor Clube), e o Ângelo Giuliano, que á época tinha uma loja de Auto Peças, a Tropical, que estava situada no mesmo prédio onde o Centauro tinha sede".
Com relação ao idealizador da "500 Km", Martins testemunhou: "O Ângelo Giuliano dedicou a vida toda ao automobilismo, tendo sido o responsável pela implantação do anel externo de Interlagos, onde aconteceram praticamente todas as 500 km".
Eugênio Martins relembra um fato lamentável daquela disputa: "A roda do carro do Ciro Caires (piloto que liderou a maior parte da corrida) se desprendeu, e acabou atingindo em cheio a Miss Campinas, uma das convidadas para a prova, que infelizmente teve morte instantânea", recorda.
A qualidade (ou falta dela) do asfalto da pista paulistana foi outro fato relembrado por Martins: "Como o asfalto era muito abrasivo, um jogo de pneus nâo durava mais que 8 ou 9 voltas", disse.
Relembrando que os carros da época não contavam com cintos de segurança, Eugênio Martins frisou: "Uma capotagem naquele tempo era quase um decreto de morte. Se capotasse, você tinha o carro sobre você, uma massa de uma tonelada, ou até um pouco mais, que tinha grandes possibilidades de te esmagar", testemunhou.
Martins frisou ainda que participar da corrida à época era uma aventura: "Principalmente quando você vinha na reta, poderia haver um cavalo atravessando a pista. Aí, você tinha de calcular direitinho para poder passar sem atropelar o bicho. Era uma loucura", testemunhou o ex-piloto.
Hoje aos 72 anos, Eugênio Martins vive com a esposa num apartamento no bairro do Butantã, na região Oeste da capital paulistana.
Mencionando que deixou as pistas por questões familiares, Eugênio Martins relembra com bom humor 1972, o ano em que decidiu pendurar o capacete: "Naquele ano eu fui ao enterro de cinco colegas, entre eles o Djalma Pessolatto, o Dinho Bonone e o Celso Lara Barberis. Acabei decidindo parar para que não me tornasse mais um na lista", finaliza. |